sexta-feira, 20 de maio de 2011

E. M. Cioran

Desde 2003 leio sistematicamente o romeno Emil Cioran. Apesar de toda sua amargura e niilismo, frequentemente me pego rindo dos meandros de seu pensamento, como me ocorre quando leio Kafka. Há algo de cômico em sua tragicidade, que fica ainda mais evidente em seu uso constrito da língua francesa. Seus aforismos parecem se ater somente ao produto, à soma final, à conclusão, o que vai de par com certa agudeza no uso da linguagem..

BACH

Sem Bach, Deus seria menor. Sem Bach, Deus seria um tipo de terceira grandeza. Bach é a única coisa que dá a impressão de que o universo não é falho. Tudo nele é profundo, real, sem teatro. Não dá pra suportar Liszt depois de Bach. Se há um absoluto, é Bach. [...] Sem Bach, eu seria um niilista completo.

BACH

Sans Bach, Dieu serait diminué. Sans Bach, Dieu serait un type de troisième ordre. Bach et la seule chose qui vous donne l’impression que l’univers n’est pas raté. Tout y est profond, réel, sans théâtre. On ne peut supporter Liszt après Bach. S’il y a un absolu, c’est Bach. [...] Sans Bach, je serais un nihiliste absolu.

Avec Benjamin Ivry, 1989

Tradução: Carlos Dala Stella

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