sexta-feira, 10 de agosto de 2012

literatura contemporânea


O grande mal da literatura contemporânea feita especialmente por professores universitários e jornalistas é investir demasiada e exclusivamente naquilo que diz, como se apenas a intencionalidade das ideias bastasse para construir uma visão de mundo, deixando em segundo plano o ímpeto de dizer, seja ele movido pelo desespero, pelo desconsolo, pela relativa alucinação ou pelo empuxo da alegria.

Nas grandes obras de arte, a construção minuciosa das várias camadas de significado anda a par e passo com a necessidade irrevogável de existir. É essa urgência que as distingue do mar de obras cheias de inteligência e vazias de pressentimentos. O sentido, tanto quanto o consolo que encontramos nelas, provém mais do impulso com que o autor transcende a realidade do que daquilo que nelas vai dito explicitamente. Mas é preciso ter coragem para entregar-se a esse impulso vital pleno de abstrações e obscuridades. E não há volta.


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