domingo, 22 de novembro de 2015

Iberê desenhando

Enquanto uso o telefone, desenho, aqui sobre papel toalha. Esses desenhos espontâneos e inconsequentes tornam suportáveis os call center. Descarregos, como me dizia Poty. 


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Les vieux fous de dessins



Quanto mais desenha, mais você toca, tateante de cegueira, a superfície do mundo. E vê pela linha, pela mancha negra, o que não via antes. E o que se vê desce até o reino escuro das raízes, e flui com os lençóis d'água, e se mineraliza com as pedras, e se aquece no núcleo quente da terra. Quando desenha, você está dispensado de fazer sentido, você é o sentido, uno e indiviso. E o que resulta disso é uma imensidão silenciosa de amor à vida.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Autorretrato / desenho com cabelo




Pode-se desenhar com praticamente tudo. Desenhar com cabelo, durante o banho, tem sido um exercício de espontaneidade. Mais e mais apreendo o mundo pela linha, pouco importa de que material ela é feita. A linha flexível do fio de cabelo impõe um certo barroquismo caótico à composição, com suas volutas, seus meio-arcos, suas ondulações geometricamente distorcidas. Uma vez apreendidas suas propriedades, o dedo desliza sobre o azulejo molhado, organizando sem nenhuma dificuldade o caos, até que algo se dê. E algo quase sempre se dá.