segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Claire Varin




A canadense Claire Varin é escritora e especialista em Clarice Lispector, além de jornalista e tradutora. Apaixonada pelo Brasil, tem seu nome ligado visceralmente ao da escritora brasileira.
Em 2002 a editora Limiar publicou seu livro Línguas de Fogo, traduzido por Lúcia Peixoto Cherem.

Com esses desenhos de Claire Varin dou continuidade à série de retratos que fui compondo ao longo do tempo. Nela incluo pessoas por quem nutro grande admiração, mais ou menos conhecidas. A ideia é que esse conjunto um dia vire um livro, uma pequena exposição, quem sabe...

Mais e mais os retratos me permitem exercitar uma linha que de outra forma eu não saberia como exprimir. E a linha, uma única linha, guarda possibilidades incomensuráveis de investigação do humano. É uma pena que o desenho, especialmente o desenho de um rosto, tenha se tornado tão obsoleto no período que há décadas chamamos, sem constrangimento algum, de contemporaneidade - como se em outros tempos as pessoas não tivessem sido contemporâneas de si mesmas.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

caderno de ateliê 61 / 17














And now the final frame. Com esta cabeça em dobradura fecho o diário de ateliê 61. No verso desse recorte, na última página, um pequeno poema/aforisma:

                              POTERE

                              tu sei al mondo
                              perchè c'è posto
                              dice l'uccellaccio
                              all'uccellino
                                                                                
Inédito de Dala Stella

domingo, 2 de outubro de 2016

caderno de ateliê 61 / 15




Seria possível continuar desenhando pelo resto da vida. Cada desenho é uma passagem, de um ímpeto para outro ímpeto. No corpo de cada ímpeto, por menor que ele seja, há sempre uma vastidão sem sentido de eternidade. Desenhar é fazer conjeturas e refutações sobre um sentido momentaneamente eleito, para logo em seguida partir para nova tentativa, e assim sucessivamente até que a roda nos pareça redonda o suficiente. Quem vê de fora vê desenhos; quem vê de dentro não vê, sente-se fluxo, entre acidentes pacientemente elaborados ou inesperados. Cada desenho é uma passagem; quando alguém entra, não estamos mais lá, mas alguém vai nos representar.