da série Variações Negras
óleo sobre tela
155x155cm
A série Variações Negras é composta de pouco mais de 50 telas, de diferentes formatos. A cor predominante é o preto, embora em algumas delas essa cor seja minoritária. As linhas compõem arranjos que se repetem, parcial ou integralmente em todo o conjunto. Esse eco de uma mesma linha melódica, mais a predominância do preto, é em grande parte o responsável pela unidade do conjunto.
O ponto inicial foi uma única colagem, que fui montando e desmontando, atrás de pequenas variações que revelassem o gene de uma mesma família. Fotografei cada uma dessas variações, revelei as fotos e passei a recortar agora cada uma das fotografias, movido pelo desejo de encontrar novas soluções que alargassem ainda mais o núcleo inicial. Cheguei mesmo a fotografar várias telas já pintadas e a partir dessas fotos formar novos híbridos, recortando e colando sempre. Para finalmente voltar à pintura.
Gosto de imaginar que o resultado se assemelha a uma obra arquitetônica monumental, cujo jogo de espelhamentos amplifica o espaço interior para além dos seus limites físicos. É nos vãos entre cada um dos elementos arquitetônicos que essas telas representam - mas também nos vãos em simulacro - que se esconde boa parte do significado do conjunto.
O arco também é bastante aberto do ponto de vista da representação, ora espraiando-se em variações de pura abstração da linha, ora passando pela figuração apenas sugerida, ora chegando a incorporar volumes e formas bem definidos. Tudo resultando do desejo, o que só mais tarde consegui formular, de dizer algo de um modo sinfônico, mantendo no entanto esse algo fora do alcance da narrativa, mesmo da narrativa alegórica.
Infelizmente nunca pude reunir os membros todos dessa família numa única exposição. Hoje eles se espalham por aí, anonimamente, mas continuam ligados pelo sangue.