quinta-feira, 26 de abril de 2012

CIEGO COMO ELLOS



A través de la oscuridad
pulsa el corazón del amarillo
Se haces silencio, puedes 
pressentir los girasoles
al borde de la fortificación

Mientras  el tiempo nos fustiga
con su látigo negro de nudos
seguimos olfateando la luz
Pero nadie desea que le llovan
piedras de lucidez en la cabeza

Con lo íntimo de los pies
sigo el flujo de los ríos bajo tierra
No hay porque temer los suterráneos
Volveré a ellos los pescados
que fabrico desde niño


poema inédito do livro Cegos como Eu, de Carlos Dala Stella

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Costela de Adão e Helicônias




 



Estudos em vidro e papel para 'jardim', um painel de jato de areia sobre vidro de pouco mais de 12m², ao qual tenho me dedicado nas últimas semanas. Pequenos animais vão surgindo, camuflados, para a alegria das crianças da casa, espero.
.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Ímpeto, serenidade e desespero



Ímpeto, serenidade e desespero
acrílica sobre tela
232,5x162cm
Uma das poucas telas da década de 90 que ainda tenho comigo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Quer Jogar?




Com este livro, em coautoria com Adriana Klisys, fiquei em terceiro lugar no prêmio Jabuti de 2011, na categoria ilustração. Em Curitiba, à venda na livraria do Sesc do Paço, em São Paulo na livraria Cultura e nas unidades do Sesc. Boa leitura!
.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

libélula






Ontem, enquanto desenhava, de madrugada, vi uma libélula morta no chão do ateliê. Intacta, mas morta. Antes que eu percebesse, minha curiosidade já tinha esquadrinhado aquele corpo de delicadezas. Hoje, levantei disposto a desenhá-la, mas sem me ater às minúcias, ou melhor, sem dispor de muito tempo na construção das minúcias de que aquele corpo era feito. Para isso precisava de uma folha grande, de quase um metro, só assim o traço viria espontâneo, concentrado mas espontâneo. E veio num jorro, com esses meus pincéis primitivos, feitos de bambus e gravetos partidos ao acaso. Alguns são desenhos de construção, essa libélula é um desenho de desconstrução. Em ambos os casos o ponto que visamos é o mesmo, o que varia são os procedimentos.

terça-feira, 10 de abril de 2012

António Pinho Vargas




Fiz esse retrato ainda sob o impacto da música desse maravilhoso compositor português, que descobri só hoje (que vergonha!), graças aos descaminhos e acasos da internet. Dança dos Pássaros é maravilhosa, e Fado Negro, e As Mãos... Sua interpretação de Live, de Tom Waits, é sublime. António Pinho Vargas, é esse o nome da mais pura harmonia portuguesa para piano.

sobre o tempo

.
Não está errado dizer que o tempo passa e passa cada vez mais rápido à medida que envelhecemos. Mas mais justo seria dizer que nós é que passamos, pois estamos a bordo do tempo. Quanto mais tenhamos vivido, mais nossa apreensão do mundo se enche da consciência da temporalidade. O tempo é o grande mistério, certo, mas ele não pode nos escapar, porque nos carrega com ele a cada minuto de nossa existência. Portanto, é um erro dizer que não dispomos de tempo; o único bem de que dispomos, equitativamente, enquanto estamos vivos, é o tempo, muito mais do que dispomos dos desejos, dos sonhos, do amor, da fé, da disponibilidade para o trabalho ou do ímpeto para a alegria. O tempo é uma riqueza incalculável, que malbarateamos como se ele fosse um recurso renovável. Não é. É da natureza do mistério dar-se todo sem explicação, mas também eclipsar-se definitivamente, como se nada fosse mais natural.

.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Emily Dickinson / 3


                                                       à Pascoa e ao Pentecostalismo

Então o Céu é Doutor?
Corre que Ele pode curar –
Mas Curas do Além
Como checá-las?
Então o Céu é Banqueiro?
Dizem que somos devedores –
Mas nessa negociata
Não entra meu Dízimo

.
Is Heaven a Physician?
They say that He can heal –
But Medicine Posthumous
Is unavailable –
Is Heaven an Exchequer?
They speak of what we owe –
But that negotiation
I’am not a Party to –

tradução de Carlos Dala Stella

quarta-feira, 4 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Robert Amorim, com o gorro russo do Gabito




Mais um desenho da série retratos - este feito com pedaços de bambu quebrados ao acaso, como pincéis. Nessa série, retrato pessoas que admiro, artistas todos, cada um a seu modo. Quanto mais desenho, mais compreendo Hokusai.

.

domingo, 1 de abril de 2012

minha aldeia

                                               para Robert Amorim

 
o presente que habito
habitantes de minha aldeia
há muito não coincide
com esse tempo de incidências em cadeia
diversa da minha alegria
essa insaciável euforia – do mesmo
essa violência de sobrevivência

o presente que me cabe
se abre em deslumbramento
e não nego que não sei o que me sabe
e digo sim ao vazio e não
ao oásis do entretenimento
mil vezes meu presente ardente
a esse crédito em 60 meses

o presente que passeio
convivas indiferentes que circulam
pelas ruas de minha aldeia
é precipício de possibilidades
a cada passo uma paisagem
uma ponte de segredos
sobre o rio do riso e do medo

o presente que invento
converte motores em moto-contínuo
de favos e flores, o vento
da necessidade em lentas nuvens
quando caminho pela minha aldeia
circunavego o vir a ser
da lua cheia

poema inédito, Dala Stella