quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Tudo o que voa
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Que importa a tristeza, se podes fabricar asas e voar? Parangolés, guarda-chuva laranja, pipa no céu azul, ícaros, os olhos que saltam do último andar... não importa como. Os braços abertos, no butô, delicadeza retorcida, tão simbólica como o cipó do maracujá que vejo pela janela. Como esquecer tudo o que voa?
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Nanquim
Explorar o mesmo tema com materiais e técnicas diferentes é um prazer para a cognição. Aquilo que a colagem diz, o desenho não pode dizê-lo. A primeira é rica em associações, a segunda em rarefação e delicadeza. Respira-se menos com o desenho, mas mais essencialmente. A colagem é um jogo. A força que uma tela pode expressar, sua densidade material, como dizê-la com a fotografia. A fotografia traz o mundo para a epiderme. E o prazer de tocá-la, com os olhos, em tudo é diverso do prazer de tocar, ainda com os olhos, a materialidade de uma tela. Percorrer esse trajeto, investigando o mesmo tema, é uma de minhas alegrias. Desejaria que ele fosse capaz de dizer o que eu não.
Caderno 38
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Venho trabalhando nesse caderno (46 x 46 cm) há três semanas. Brinco chamando-o de o caderno do eu que ri, tantos os auto-retratos em que esboço um sorriso. Tem sido um prazer escrever nele, dada a natureza delicada e absorvente do papel arroz. E assim, entre delicadezas e brusquidões vou me desperdiçando, nesse final de ano.
A paisagem acima é parte do jardim, visto do ateliê. Acho que finalmente assimilei alguma coisa dos mestres do período T'ang. Enquanto o desenho me devolve ao mundo natural, onde reina uma espécie de indiferença magestática, a pintura me reconduz ao obscuro em mim, à minha natureza íntima, onde tudo é passional. Um me esvazia de mim, a outra me enche de espelhos.
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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