Quando desenho um rosto, nunca deixo de buscar certa semelhança, mas seria uma tolice reduzir um retrato a essa aspiração. Desenhar um rosto significa expressar a visão que se tem dele, visão que muitas vezes se impõe, alheia à porção mais evidente da vontade. E se não fosse assim, o que se conseguiria é a bagatela de uma caricatura.
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Um retrato realmente vivo é sempre a expressão de uma visão subjetiva - desse mistério que é um rosto, que são todos os rostos. Por isso, mais do que redundante é ingênuo dizer que um retrato guarda algo do pintor ou do desenhista. O que importa é que as linhas respirem por conta própria, e que resultem desse amálgama entre Um e Outro, que em dado momento se encontraram.
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Conheci José Castello através de um amigo. Pouco depois ele escreveu sobre meu livro Bicicletas de Montreal, no Rascunho. Seus livros e resenhas mapeiam boa parte da literatura brasileira - com uma sensibilidade e com uma agudeza intelectual admiráveis. E com uma desenvoltura no manejo da escrita de dar inveja. É sempre um enorme prazer ler seus textos críticos ou ficcionais. São fundamentais seus retratos de escritores.
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