CANDELIERE
ad Antonio Candela
ad Antonio Candela
c’è una candela nella demenza
che brucia piú del sole al mezzogiorno
ma non è giallo il suo fuoco
né fatto di infiammato rossore
proprio il rovescio: è bianco
l’alone della sua circonferenza
e s’ingrandi come una luna
sempre più piena di se
che brucia piú del sole al mezzogiorno
ma non è giallo il suo fuoco
né fatto di infiammato rossore
proprio il rovescio: è bianco
l’alone della sua circonferenza
e s’ingrandi come una luna
sempre più piena di se
la candela della demenza
fa fiorire ieri i fiori di domani
e piove senza acqua
tutto un diluvio di stupore
ma dentro la coperta barca
non ci manca nemmeno uno degli piccoli
o grandi animali del mondo
innominati ad uno ad uno
fa fiorire ieri i fiori di domani
e piove senza acqua
tutto un diluvio di stupore
ma dentro la coperta barca
non ci manca nemmeno uno degli piccoli
o grandi animali del mondo
innominati ad uno ad uno
fuori del cercchio della demenza
orbitano gli stessi occhi illuminati
nello stesso buio universale
forse dimenticare sia uno specchio
provvidenziale che anticipa
le nuvole in noi, il ceruleo cielo
e gli uccelli che qualcuno vedrà
come se nulla fosse cambiato
orbitano gli stessi occhi illuminati
nello stesso buio universale
forse dimenticare sia uno specchio
provvidenziale che anticipa
le nuvole in noi, il ceruleo cielo
e gli uccelli che qualcuno vedrà
come se nulla fosse cambiato
27.06.2018
carlos dala stella
carlos dala stella
Num domingo à tarde, Antonio Candela me mandou uma mensagem pedindo se eu escreveria um poema sobre a demência, dedicado a ele. Uma semana antes ele havia expedido seu livro IO SONO ANCORA QUI, do sul da Itália, para o sul do Brasil. A franqueza daquele pedido inusitado, nunca me haviam pedido um poema antes, e sobre um tema tão delicado, o Alzheimer, me pôs em cheque e me fez aceitar no ato. Eu planejava ler o livro e só depois partir para o poema.
Antes de conhecê-lo, tive dois confrontos indiretos com a doença. Um em Sampa, quando uma amiga me apresentou sua mãe, portadora de Alzheimer. Foi num jantar delicioso, descontraído, quando pude presenciar a conversa franca entre ambas. Em alguns momentos o grau de consciência da mãe era tão grande, conforme nos contou a filha, que ela se autoanalisava. Mas os lapsos também eram grandes, a ponto dela confundir sua casa com a da filha.
O outro confronto, mais próximo, foi com a terceira avó de meus filhos, que aos poucos vai perdendo fatias cada vez maiores da memória. Uma mulher que é uma nascente viva de afetividade, e inesgotável, cujas mãos fizeram-se ninho para a infância de muitas crianças. Sobre ela Matias, meu filho mais velho, fez um média-metragem chamado CINCO ESTAÇÕES NO CASULO DO TEMPO.
Como disse antes, eu pretendia ler o livro de Antonio Candela e só depois partir para o poema. Mas antes que o livro chegasse, numa madrugada insone do final de junho, sentei na cama e durante duas horas de absoluto silêncio escrevi verso a verso o poema. Na manhã seguinte fiz os reparos necessários e enviei o poeminha a quem ele foi dedicado.
Faço aqui uma única observação sobre o poema, intitulado CANDELIERE, candelabro em italiano, numa referência explícita ao sobrenome de Antonio Candela. Candela, em italiano, é literalmente vela. Não resisti a usar essa referência como imagem principal do poema, meu candelabro verbal de três estrofes/velas.
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