sábado, 9 de julho de 2011
Caderno 40 / Gêmeos caçando borboleta
Esses dois gêmeos caçando borboleta, eles não existem fora desse caderno, eles não foram premeditados, eles dizem o que dizem sem que eu participe de sua elocução. Mas esse silêncio em que me coloco não tem nada de passivo. Os pingos que tamborilam no telhado são agulhas sonoras para que minha sensibilidade não esqueça nunca que estou vivo, e que isso equivale a um tornado, um tufão, ao ápice da tempestade. Ainda que tudo se dê sob o manto da invisibilidade, onde mesmo o estéril em mim é fecundo, onde deito e durmo, enquanto relampeja a chispa vermelha do tempo.
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