segunda-feira, 21 de setembro de 2015
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
caderno de ateliê 55
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Emily Dickinson / 5
821
Longe
de Casa, estamos Eles e eu –
Ser
um Imigrante
Em
uma Metrópole Residencial
É
fácil, quase sempre –
Habituar-se
a um Céu Estrangeiro
Difícil
– senão impossível
Como
o Rosto das Crianças
Tanto
mais se afastam – mais visível.
Tradução de Carlos Dala Stella
Away from Home, are They
and I -
An Emigrant to be
In a Metropolis of Homes
Is easy, possibly -
An Emigrant to be
In a Metropolis of Homes
Is easy, possibly -
The Habit of a Foreign
Sky
We - difficult acquire
As Children, who remain in Face
The more their Feet, retire.
We - difficult acquire
As Children, who remain in Face
The more their Feet, retire.
Minhas traduções são exercícios de leitura, amparadas sempre que possível por traduções para o italiano e espanhol, além de paráfrases em prosa. A disponibilidade dessas versões agora pela internet torna o processo muito prazeroso, e muito menos trabalhoso do que há pouco tempo. Mesmo assim sempre parto da edição completa que ganhei em 2008 de Cristovão Tezza, pela Little, Brown and Company, editada por Thomas H. Johnson, biógrafo e editor definitivo da escritora.
O poema 821 (segundo a datação Johnson), foi escrito em Cambridge, em abril de 1864, onde Emily Dickinson se recuperava de um problema nos olhos e onde ficaria até novembro. O que me atraiu foi a comparação do céu de onde nascemos com o rosto de uma criança, tanto mais vivo quanto mais ela caminha para longe, por artifício da memória. É fascinante que particularizemos uma porção do céu como mais íntima aos olhos de nossa alma do que o céu de outros lugares.
O céu parece sempre o mesmo, em qualquer lugar do mundo; não para os astrônomos, nem para os poetas. Os poetas moram poeticamente onde moram, o que significa que aquela porção do mundo foi sendo metaforizada por força da escrita, e da multiplicidade de percepções que a alimenta. Emily se habitua com a multidão de uma metrópole, não com seu céu desconhecido. Talvez porque o céu onde nascemos e vivemos boa parte da vida seja o cúmplice silencioso e compreensivo de nossa vocação, de nossa diária dedicação a ela. Nenhum outro céu acolhe tão incondicionalmente nossos olhos - doridos, cheios de júbilo, dúvida, indiferença, cegos de tanto ver.
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