segunda-feira, 28 de março de 2016
Eugenio Montale / 10
INÍCIO DE JULHO
Julho mal começa e o pensamento
já está devendo.
Nenhum drama à vista,
um mínimo de perturbações.
O ritmo da mente em ponto morto
inexplicavelmente inspira sérias preocupações.
Melhor se enfrenta o tempo afoito,
meio dia basta para liquidá-lo.
Mas nesse início de julho cada segundo goteja
e o encanador saiu de férias.
Tradução de Carlos Dala Stella
I PRIMI DI LUGLIO
Siamo ai primi di luglio e già il pensiero
è entrato in moratoria.
Drammi non se ne vedono,
se mai disfunzioni.
Che il ritmo della mente si dislenti,
questo inspiegabilmente crea serie preoccupazioni.
Meglio si affronta il tempo quando è folto,
mezza giornata basta a sbaraccarlo.
Ma ora ai primi di luglio ogni secondo sgoccia
e l’idraulico è in ferie.
Poema do livro Diário de 71 e de 72, de Eugenio Montale, também traduzido para o português por Geraldo Holanda Cavalcanti, no livro Poesias, editora Record, transcrito a seguir.
COMEÇOS DE JULHO
Mal julho começa e já o pensamento
declara-se em moratória.
Dramas não mais ocorrem,
no máximo disfunções.
Que o ritmo da mente se relaxe,
e isso inexplicavelmente gera sérias preocupações.
Melhor se afronta o tempo quando é denso,
meia jornada basta a dispensá-lo.
Mas agora neste início de julho cada segundo pinga
e o bombeiro está de férias.
Tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti.
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