Estudos para painel-mural em cimento, 150m². Tema: o voo começa no ovo. Caderno de ateliê 50. Possíveis futuras telas.
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
O voo começa no ovo / caderno 50
Estudos para painel-mural em cimento, 150m². Tema: o voo começa no ovo. Caderno de ateliê 50. Possíveis futuras telas.
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Federico García Lorca/O Divã do Tamarit
LEMBRANÇA DE AMOR
Não leves embora a lembrança.
Deixa-a mais em meu peito,
arrepio de cerejeira
no alvor frio de janeiro.
Só me separa dos mortos
um muro de pesadelos.
Dor de um lírio fresco
em um coração de gesso.
A noite toda dois cães,
meus olhos na plantação.
A noite toda correndo
entre valas de veneno.
Às vezes é uma tulipa
cheia de medo, o vento.
Uma tulipa enferma,
a madrugada de inverno.
Só um muro de pesadelos
me separa dos mortos.
A névoa cobre em silêncio
o vale gris de teu corpo.
Cresce a cicuta sobre
o arco de nosso encontro.
Mas deixa tua lembrança
um pouco mais em meu peito.
RECUERDO DE AMOR
No te lleves tu recuerdo.
Déjalo solo en mi pecho,
temblor de blanco cerezo
en el martirio de enero.
Me separa de los muertos
un muro de malos sueños.
Doy pena de lirio fresco
para un corazón de yeso.
Toda la noche en el huerto
mis ojos, como dos perros.
Toda la noche, corriendo
los membrillos de veneno.
Algunas veces el viento
es un tulipán de miedo,
es un tulipán enfermo,
la madrugada de invierno.
Un muro de malos sueños
me separa de los muertos.
La niebla cubre en silencio
el valle gris de tu cuerpo.
Por el arco del encuentro
la cicuta está creciendo.
Pero deja tu recuerdo
déjalo solo en mi pecho.
Tradução de Carlos Dala Stella.
Não leves embora a lembrança.
Deixa-a mais em meu peito,
arrepio de cerejeira
no alvor frio de janeiro.
Só me separa dos mortos
um muro de pesadelos.
Dor de um lírio fresco
em um coração de gesso.
A noite toda dois cães,
meus olhos na plantação.
A noite toda correndo
entre valas de veneno.
Às vezes é uma tulipa
cheia de medo, o vento.
Uma tulipa enferma,
a madrugada de inverno.
Só um muro de pesadelos
me separa dos mortos.
A névoa cobre em silêncio
o vale gris de teu corpo.
Cresce a cicuta sobre
o arco de nosso encontro.
Mas deixa tua lembrança
um pouco mais em meu peito.
RECUERDO DE AMOR
No te lleves tu recuerdo.
Déjalo solo en mi pecho,
temblor de blanco cerezo
en el martirio de enero.
Me separa de los muertos
un muro de malos sueños.
Doy pena de lirio fresco
para un corazón de yeso.
Toda la noche en el huerto
mis ojos, como dos perros.
Toda la noche, corriendo
los membrillos de veneno.
Algunas veces el viento
es un tulipán de miedo,
es un tulipán enfermo,
la madrugada de invierno.
Un muro de malos sueños
me separa de los muertos.
La niebla cubre en silencio
el valle gris de tu cuerpo.
Por el arco del encuentro
la cicuta está creciendo.
Pero deja tu recuerdo
déjalo solo en mi pecho.
Tradução de Carlos Dala Stella.
sábado, 13 de setembro de 2014
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
OFERENDA FLORAL
cada criança que Israel explode
na Faixa de Gaza é uma flor branca
arrancada da paisagem
perfumemos os jardins de Jerusalém
com cada uma das 300 flores
tingidas de vermelho pelo exército de Israel
decoremos a mesa de jantar
de 300 famílias de judeus ortodoxos
com as pétalas vermelhas do espírito santo
e inundemos a noite pestilenta
da terra santa com os jasmins da infância
desejando a todos bons sonhos
inédito de Dala Stella
sexta-feira, 25 de julho de 2014
quinta-feira, 24 de julho de 2014
AUGUSTO
meu pai
assim que começava a chover
se metia no banco detrás do fusca
com um travesseiro
para dormir ao som dos pingos
tamborilando na lataria
não conheci ninguém que vivesse
com tanta desenvoltura
quanta falta me faz
um mundo menos complicado e violento
vivo da simples ternura de viver
inédito Carlos Dala Stella
assim que começava a chover
se metia no banco detrás do fusca
com um travesseiro
para dormir ao som dos pingos
tamborilando na lataria
não conheci ninguém que vivesse
com tanta desenvoltura
quanta falta me faz
um mundo menos complicado e violento
vivo da simples ternura de viver
inédito Carlos Dala Stella
terça-feira, 10 de junho de 2014
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Eugenio Montale / 9
AMIGOS
Poema de Eugenio Montale, Altri Versi
Não caiam nessa de anos-luz
de tempo-espaço curvo ou plano.
A verdade nada em nossas mãos
mas como fisgar a viscosa enguia
se nem os mortos o conseguiram?
Talvez para não repetir a sina
difícil e inútil dos vivos.
Amici, non credete
agli anni-luce
al tempo e allo spazio
curvo o piatto.
La verità è nelle
nostre mani
ma è inafferrabile e
sguiscia come un’anguilla.
Neppure i morti
l’hanno mai compresa
per non ricadere tra i viventi, là
dove tutto è difficile, tutto è inutile.
Poema de Eugenio Montale, Altri Versi
Tradução de Carlos Dala Stella
Algumas raras entrevistas com Eugenio Montale foram disponibilizadas na internet nos últimos anos. Em todas o poeta conjuga lucidez, concisão e ironia, sem nenhuma pose. Às vezes ele parece dialogar com sua posteridade, tratando de questões ainda hoje tão mal resolvidas, como a distinção entre poesia e prosa, encalhada há décadas na disneylândia do dialogismo da linguagem. Vale a pena conferir.
Algumas raras entrevistas com Eugenio Montale foram disponibilizadas na internet nos últimos anos. Em todas o poeta conjuga lucidez, concisão e ironia, sem nenhuma pose. Às vezes ele parece dialogar com sua posteridade, tratando de questões ainda hoje tão mal resolvidas, como a distinção entre poesia e prosa, encalhada há décadas na disneylândia do dialogismo da linguagem. Vale a pena conferir.
terça-feira, 22 de abril de 2014
Eugenio Montale / 8
A VERDADE
A verdade rói como traças e ratos
está no pó das gavetas cheias de mofo
na casca seca do grão.
A verdade é sedimento, estagnação
nunca a logorreia insulsa dos dialéticos.
É teia de aranha, durável
até que você passa a vassoura.
Blefam os escoliastas dizendo que tudo
está em movimento. Faz água
por todos os lados a ideia de que depois
do antes sempre vem um depois.
Sorte do néscio que não embarca nessa.
Vivemos melhor sem eles, ou talvez pior
mas recobramos o fôlego.
LA VERITÀ
La verità è nei rosicchiamenti
delle tarme e dei topi,
nella polvere ch'esce da cassettoni ammuffiti
e nelle croste dei 'grana' stagionati.
La verità è la sedimentazione, il ristagno,
non la logorrea schifa dei dialettici.
È una tela di ragno, può durare,
non distruggerla con la scopa.
È beffa di scoliasti l'idea che tutto si muova,
l'idea che dopo un prima viene un dopo
fa acqua da tutte le parti. Salutiamo
gli inetti che non s'imbarcano. Si starà meglio
senza di loro, si starà anche peggio
ma si tirerà il fiato.
tradução de Carlos Dala Stella
quinta-feira, 17 de abril de 2014
dois moinhos sobre R. Colares
Dois recortes sobre reproduções do mineiro Raimundo Felicíssimo Colares, autor de maravilhosos 'gibis'.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
VEREDITO
deu na gazeta de hoje: o assassino
de Wilson Bueno foi absolvido
por 4 votos a 3 e não cabe recurso
Wilson Bueno foi três vezes
condenado: por Cleverson Schmitt
autor da facadafatal no pescoço
pelo tribunal do júri e pelo silêncio
conivente da mídia local
é a regra: o poder instituído não
tolera a rosa em botão do homem
poema inédito de Dala Stella
sábado, 15 de março de 2014
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
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