Em 2001, num sebo de música na Sainte-Catherine Ouest, Montreal, encontrei um cd que procurava há anos: Variações Goldberg, de JS Bach, na interpretação de 1981 de Glenn Gould. Embora já tivesse ouvido várias peças musicais com o canadense, e mesmo visto trechos de seus documentários radiofônicos, saí da loja mal contendo minha curiosidade. Em várias ocasiões em Curitiba havia lido e ouvido falar da famosa regravação do primeiro e estrondoso sucesso de Gould. E eis que por $ 5 dólares, canadenses!, encontro a versão original, pela Sony. O que aconteceu durante a primeira audição foi um susto, um milagre que opera em mim ainda hoje. Tanta a energia sob controle que me senti sugado pelo Bach de Gould, o que segue acontecendo a cada nova audição. Não sei que mistério de renovação permanente anima esse conjunto. Só sei que nunca mais desejei me livrar dele.
Semana passada, em outro sebo, agora em São Paulo, procurando a biografia de Bach, por Franz Rueb, topo novamente com o músico de Toronto, agora como biografado: Glenn Gould, uma vida e variações, de Otto Friedrich. Li o primeiro capítulo, na verdade o ante-penúltimo, ainda no ônibus. Entre os livros que leio atualmente, esse exerce uma sedução obsedante à qual me entrego com íntimo prazer. Por isso essas linhas, esse lembrete, ao qual acrescento a versão em vídeo, do mesmo período, da ária inicial, gravada em um velho estúdio da Colúmbia. Maravilhosa.
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