sexta-feira, 29 de abril de 2011
Francis Bacon
Francis Bacon corta quando pinta, mas corta ainda mais quando fala. Como uma faca de açougueiro superafiada, ele corta a realidade, separa o que lhe interessa, nem um naco a mais, e expõem sem hesitação sobre a mesa o que pensa, com uma brusquidão fatual de quem se rende à verdade da carne, recém dessossada aos olhos do interlocutor. Seu olhar de viés aguça ainda mais o fio da lâmina, tanto mais verdadeira quanto mais impiedosa. Mas sua violência é a violência de boa parte do mundo. Se não nos consola, nem ele desejaria isso, ela nos mantém vivos, dolorosamente vivos.
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