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Não está errado dizer que o tempo passa e passa cada vez mais rápido à medida que envelhecemos. Mas mais justo seria dizer que nós é que passamos, pois estamos a bordo do tempo. Quanto mais tenhamos vivido, mais nossa apreensão do mundo se enche da consciência da temporalidade. O tempo é o grande mistério, certo, mas ele não pode nos escapar, porque nos carrega com ele a cada minuto de nossa existência. Portanto, é um erro dizer que não dispomos de tempo; o único bem de que dispomos, equitativamente, enquanto estamos vivos, é o tempo, muito mais do que dispomos dos desejos, dos sonhos, do amor, da fé, da disponibilidade para o trabalho ou do ímpeto para a alegria. O tempo é uma riqueza incalculável, que malbarateamos como se ele fosse um recurso renovável. Não é. É da natureza do mistério dar-se todo sem explicação, mas também eclipsar-se definitivamente, como se nada fosse mais natural.
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