segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Óscar Hahn 8



Sigo lendo o chileno Óscar Hahn (vencedor em 2014 do Prêmio Loewe de Poesia, na Espanha). Por dois motivos, principalmente: porque ele entra nos temas de um modo tão direto que entramos juntos, sem hesitação; e também porque mal entramos, esses temas nos afligem como se  fossem nossos. Nem a ironia, nem o insólito de algumas imagens são capazes de nos afastar de nós mesmos. Que mais pode querer um autor do que essa fusão espelhada com o leitor?


NA PRAIA NUDISTA DO INCONSCIENTE



Um homem está deitado na praia nudista
     do inconsciente
quando surgem na noite dois sóis

A metade mulher do homem corre graciosamente
     para o mar
A metade homem caminha pela orla

Na praia nudista do inconsciente
as duas metades se banham de mãos dadas

O sol negro sobe no horizonte
O sol branco desce vermelho incandescente

A mulher e o homem fazem amor até a vertigem
Seus corpos lutam sobre a areia fosforescente

E o firmamento se enche de meteoritos
que se deslocam à velocidade da luz

Tradução de Carlos Dala Stella



EN LA PLAYA NUDISTA DEL INCONSCIENTE


Un hombre está tendido en la playa nudista del
     inconsciente
a esa hora de la noche en que salen dos soles

La parte mujer del hombre corre graciosamente hacia el
     agua
La parte hombre camina en dirección a la orilla

En la playa nudista del inconsciente
las dos partes se bañan tomadas de la mano

El sol negro se alza en el horizonte
El son blanco se pone al rojo vivo

La mujer y el hombre hacen amor hasta el vértigo
Sus cuerpos luchan en la arena fosforescente

Y el firmamento se llena de aerolitos
que se desplazan a la velocidad de la luz


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