Sigo lendo o chileno Óscar Hahn (vencedor em 2014 do Prêmio Loewe de Poesia, na Espanha). Por dois motivos, principalmente: porque ele entra nos temas de um modo tão direto que entramos juntos, sem hesitação; e também porque mal entramos, esses temas nos afligem como se fossem nossos. Nem a ironia, nem o insólito de algumas imagens são capazes de nos afastar de nós mesmos. Que mais pode querer um autor do que essa fusão espelhada com o leitor?
NA PRAIA NUDISTA DO INCONSCIENTE
Um
homem está deitado na praia nudista
do inconsciente
quando
surgem na noite dois sóis
A
metade mulher do homem corre graciosamente
para o mar
A
metade homem caminha pela orla
Na
praia nudista do inconsciente
as
duas metades se banham de mãos dadas
O
sol negro sobe no horizonte
O
sol branco desce vermelho incandescente
A
mulher e o homem fazem amor até a vertigem
Seus
corpos lutam sobre a areia fosforescente
E
o firmamento se enche de meteoritos
que
se deslocam à velocidade da luz
Tradução de Carlos Dala Stella
EN
LA PLAYA NUDISTA DEL INCONSCIENTE
Un
hombre está tendido en la playa nudista del
inconsciente
a
esa hora de la noche en que salen dos soles
La
parte mujer del hombre corre graciosamente hacia el
agua
La
parte hombre camina en dirección a la orilla
En
la playa nudista del inconsciente
las
dos partes se bañan tomadas de la mano
El
sol negro se alza en el horizonte
El
son blanco se pone al rojo vivo
La
mujer y el hombre hacen amor hasta el vértigo
Sus
cuerpos luchan en la arena fosforescente
Y
el firmamento se llena de aerolitos
que
se desplazan a la velocidad de la luz
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