quinta-feira, 24 de março de 2011

Óscar Hahn 2

Traduzo aqui mais 1 poema do chileno Óscar Hahn, dando continuidade ao que inciei na postagem de 15 de março. Ao que eu saiba, nenhum de seus livros foi ainda traduzido para o português. Arte Poética fecha o livro Apariciones profanas (2002-2005). Para quem tiver curiosidade, esse link dá acesso ao livro completo.
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ARTE POÉTICA

A puta que pariu da minha poesia
a frígida a virgem a tesuda
que me transforma num chifrudo
e fecha as pernas com teimosia

A que me nega o que eu queria:
a flor de sua beleza irreverente
sua corola que lateja noite e dia
afogueada em orvalho ardente

A que me engana com um ladino
com Rilke com Pessoa com Vallejo
a que joga nos astros meu destino

A que no espelho me maquia
a beata a agnóstica a sacrílega
a puta que pariu da minha poesia


ARTE POÉTICA


La puta madre de mi poesía
la frígida la virgen la caliente
la que me pone cuernos en la frente
la que aprieta los muslos a porfía

y no me suelta lo que yo querría:
la flor de su hermosura irreverente
su corola que late noche y día
envuelta en llamas y en rocío ardiente

La que me engaña con cualquier vecino
con Rilke con Pessoa con Vallejo
la que traza en los astros mi destino

La beata la agnóstica la impía
la que pinta mis labios en su espejo
la puta madre de mi poesía


tradução: Carlos Dala Stella
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